Em um setor tradicionalmente movido por experiências humanas e relações interpessoais, a presença crescente da inteligência artificial (IA) levanta uma pergunta inevitável: ela veio para fortalecer o turismo ou para substituir o toque humano que tanto valorizamos? A realidade mostra que não se trata de uma escolha entre dois extremos. A IA tem se consolidado como uma das maiores aliadas da transformação digital no setor de turismo. Mais do que uma tendência, ela já é utilizada em diferentes etapas da jornada do turista, desde a escolha do destino até o pós-viagem.
As soluções baseadas em IA vêm impactando positivamente empresas, destinos e profissionais do setor, oferecendo novas oportunidades de inovação. Uma das principais contribuições está justamente na personalização da experiência do viajante. Com o uso de algoritmos capazes de analisar dados de comportamento, preferências e histórico de consumo, empresas conseguem oferecer recomendações sob medida para cada cliente. Plataformas de reservas, por exemplo, utilizam IA para sugerir hospedagens, passeios e roteiros com base no perfil do usuário, tornando a experiência mais satisfatória.
Outra aplicação comum são os chatbots e assistentes virtuais, que atuam no atendimento ao cliente de forma ágil e disponível 24 horas por dia. Essas ferramentas, treinadas para responder dúvidas frequentes, auxiliar em reservas e até resolver pequenos problemas, otimizam o tempo das equipes, reduzem custos operacionais e melhoram a comunicação com o público.
A IA também tem se mostrado extremamente útil na análise de tendências de mercado. Ao processar dados de redes sociais, mecanismos de busca e outras fontes, é possível identificar padrões de comportamento e preferências emergentes entre diferentes perfis e regiões. Essas análises embasam decisões estratégicas, direcionam campanhas de marketing e ajudam na criação de produtos turísticos mais alinhados com as expectativas dos visitantes.
Outro ponto de destaque é o uso da IA na gestão de destinos turísticos inteligentes (DTIs). Cidades que adotam esse modelo têm se beneficiado de tecnologias capazes de monitorar o fluxo de turistas em tempo real, sugerir rotas alternativas para evitar superlotação e organizar melhor os recursos disponíveis. Esse tipo de inteligência contribui diretamente para a sustentabilidade do turismo, ajudando a preservar o patrimônio natural e cultural, e promovendo uma experiência mais qualificada tanto para o visitante quanto para o morador local.
A importância da IA para o setor também tem sido reconhecida por organizações internacionais. A ONU Turismo (UN Tourism), em colaboração com a Saxion University of Applied Sciences, lançou o relatório Artificial Intelligence Adoption in Tourism – Key Considerations for Sector Stakeholders (2025). O estudo explora o impacto transformador da IA na forma como viajantes planejam, vivenciam e compartilham suas jornadas. Além de apresentar recomendações práticas, a publicação reúne estudos de caso de membros afiliados à organização, demonstrando que a adoção da IA deve ser feita de forma colaborativa e inclusiva.
Vale destacar que, para que todas essas soluções sejam realmente efetivas, é fundamental investir em capacitação técnica e inclusão digital, sobretudo entre micro e pequenos empreendedores do setor. O futuro do turismo passa necessariamente pelo uso consciente dessas tecnologias, e quanto mais cedo empresas e destinos se prepararem, mais competitivos e sustentáveis eles serão. Com planejamento estratégico e apoio especializado, é possível transformar desafios em oportunidades e construir um turismo mais inteligente.